Êxtase

Êxtase

 

Ela teve um espasmo. Uma contração no baixo ventre que não sabia onde começava ou terminava, só que precisava prolongá-la, numa onda de prazer dormente que parecia escapar pernas abaixo como água que não se consegue segurar. Ficou deitada de costas, a respiração suspensa, levemente entrecortada, como um animal em busca da caça. Fechou os olhos esperando que o sangue voltasse ao fluxo normal em suas veias enquanto o suor lhe escorria pela barriga – fazia um calor dos infernos dentro do quarto abafado. Num suspiro, pousou-o no peito, entre os seios, e tocou-o de leve, com a ponta dos dedos, sentindo sem ver sua textura branca, percorrendo de cor as marcas negras que gritavam: “Só Deus sabe o quanto eu amei você”. Aquele era, sem dúvida, o livro mais lindo que já lera!

 

 

Táscia Souza

 

 

Publicado originalmente em http://hipocondria.blog.terra.com.br, 9 de setembro de 2008.

One Response

  1. Lamento ter imaginado, um dia, que “arte tem que ser tridimencional”, – com volume físico, – e agora? -como me retratar com meus espelhos?, enquanto a tela do monitor, embora eu só possa tocar com o olhar, me mostra quão ingênuo se pode ser ao tentar conceituar o sol, a luz, a escuridão, o medo, a alegria, a beleza…
    Mil descupas!!!