Foi legítimo?

Foi legítimo?

A verdade é que fofoca, ou qualquer informação bombástica, ninguém sabe por onde começa. Você só conhece aquele que te contou. O outro que contou pra aquele nunca é identificável. Torna-se impossível tentar refazer a trajetória e encontrar a fonte.

Eu escutei de um funcionário que ia haver uma rebelião, na qual todos se recusariam a desempenhar suas funções. Um abaixo-assinado iria correr com nomes dos verdadeiros culpados pela situação caótica. Sentiam que estava tudo com problemas, sem soluções, infectado pela incompetência. Na hora, achei que era fogo de palha, afinal, a indignação existe desde que cheguei, mas ninguém fez sua parte, ou brigou pelos direitos. Até então, todos eram complacentes.

Passados alguns dias, percebi que era real. Porém, com divergências. Profissionais da instituição que não mereciam ser questionados, que desempenhavam suas funções brilhantemente, estavam no paredão da turma. Não era correto, pelo menos eu via assim. O que era (ou deveria ser) assunto coletivo ganhava ares subjetivos. Incrivelmente a primeira lista com as assinaturas se reproduziu: dizem que estavam rolando três, cada uma com propósitos e culpados distintos.

Nesse meio tempo, as discussões aumentaram, a indignação cresceu e os patrões ficaram sabendo. Sutilmente as mudanças começaram a ocorrer. Os chefes ficaram mais presentes, sempre questionando e insinuando que estavam modificando a situação. Sim, se você não age, aluda que trabalhe, a massa aceita. De repente, entre os conspiradores, um acusava o outro de injustiça, culpando de ter deturpado a idéia inicial. Várias pessoas mudaram suas posturas com medo de perderem o emprego.

O final disso? Nem sei se tem. Se a origem é desconhecida, a conclusão torna-se obscura. O primeiro ou os três abaixo-assinados, eu não os vi. Muitas reuniões e debates aconteceram, é preciso discutir. Já que ninguém age, que pelo menos fale. Não é assim que político cativa em época de eleição?

José Eduardo Brum

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