O neném chora por todos os motivos, quase nunca por dor.
Quando a gente beija, sente mais em baixo, ou no corpo todo. Com o choro, também.
Horas estudando fazem doer mãos, pescoço e coluna. A cabeça só fica mais afiada.
A criança cai, esborracha e se rala. Tudo cura, menos a vergonha.
Um soco, um chute, um tapa não injuriam no ponto de contato. Mancham os antecedentes criminais; quiçá a alma, a consciência.
Abrimos a boca para comungar e sermos salvos. Porém, não conseguimos fechá-la, continuamos fofocando, julgando, proferindo inverdades, antes de a missa acabar.
Um dia, o coração para, aliviado. Anos de tantos desafios e lutas, bombeamentos e relaxamentos, remorsos e júbilos, precisa enfim descanar. Então, o resto do corpo entra em choque, sucumbe, desgostoso.
José Eduardo Brum
Perfeito!!!!!