Luzes da cidade

Luzes da cidade

Na minha cidade de morros, há um morro em que se morre mais. Garganta da qual se arranca a língua da avenida que nos encolhe, nos engole, nos tritura, nos cospe de volta em farelos de luz.

Na minha cidade de morros, as luzes que morrem lá embaixo ou lá em cima são resto de gente. E até o Cristo, em seu próprio morro, morre sem abrir demasiado os braços, porque na minha cidade de morros nem para morrer há redenção. 

Se te mandar um postal dos morros da minha cidade de morros, rabisco apenas, ligeiramente inclinado:

não morras

não venhas

Táscia Souza

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