Coisa de cinema

Coisa de cinema

Era assim desde menino, bastava um pequeno mal-estar e o remédio era ver um filme. A primeira vez foi a catapora, que fez com que a mãe o deixasse de molho em casa assistindo à Sessão da Tarde. Virou ritual. Para os resfriados, alugava fitas cassetes — que mais tarde se transformaram em DVDs — e passava o fim de semana debaixo das cobertas fungando aos últimos lançamentos das locadoras. Se o problema fosse alguma congestão intestinal, o drama acabou quando o avanço tecnológico permitiu a instalação de um ponto da TV por assinatura no banheiro. E, quando a dor era de amor, a solução era entrar na sala de cinema — logo substituída pelas multiplex — mais próxima e se debulhar em lágrimas diante da película mais triste que houvesse.

No dia em que acordou com aquela tosse chata e o corpo inteiro reclamando, havia quatro filmes interessantíssimos em cartaz. Quatro filmes!, pensou. Quatro filmes em sequência é exatamente a dose recomendada pelos médicos! Comprou ingresso para todos, aos quais assistiu acompanhado por salas repletas em todas as sessões.

A estreia seguinte foi a do novo hospital, superlotado pela maior epidemia vista na história da cidade. Soube-se que Spielberg comprou os direitos depois.

Táscia Souza

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