Ímãs sem geladeira

Ímãs sem geladeira

A carne estava pela hora da morte, mas não era a peça de um quilo e meio de picanha bovina, um luxo que cometera e que custara boa parte de seu salário, o que mais lhe causava preocupação. 

Claro, a carne também, duplamente, porque, se estragasse, adeus dinheiro e adeus churrasco de um ano do filho, para o qual já tinha anunciado que convidaria toda a vizinhança, independente de pandemia.

Para isso, porém, já tinha pensado numa solução e deixado reservados no mercadinho da esquina uma caixa de isopor e um pacote de gelo, que lhe custariam mais uma partezinha não prevista do salário, mas o impediriam de perdê-lo quase inteiro.

O problema maior, quando o refrigerador começou a dar sinais de que ia pifar, era outro. Onde, afinal, colocaria seus ímãs de geladeira? 

Táscia Souza

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