Livros e crianças

Livros e crianças

Quando nasceu o primeiro filho ele ficou coruja, pai babão, carregava o moleque no colo e exibia pros amigos. Em casa mimava e lambia a cria até a hora de sentar-se pra estudar, quando dizia pra mulher: os livros podem fazer mal pra criança ainda pequena, muito ácaro, e aqui tem muito livro, não dá pra criança.

Quando nasceu o segundo, levava os dois pra brincar, um cuidava do outro, passeavam pelo parque e pelos amigos. Em casa, cuidava dos dois com igual esmero até a hora de sentar-se pra estudar, quando dizia pra mulher: os livros estão arrumados e aqui tem muito livro, não é lugar de criança.

Quando nasceu o terceiro filho levava a prole pro parque, pra escola, pro cinema. Em casa brincava até parar pra estudar, quando dizia pra mulher: faça esses meninos ficarem quietos, aqui tem muito livro pra ler e não quero barulho de criança.

Quando chegou em casa feliz da vida pra cuidar dos quatro filhos encontrou caixas e caixas de livro na porta. Entrou correndo e a mulher lhe disse: aqui tem muita criança.

Gustavo Burla

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