Amor, sublime amor

Amor, sublime amor

Ele foi o primeiro garoto pelo qual se apaixonou à primeira vista; ela, a primeira menina que o deixou tocar em seus peitos. O amor entre eles, portanto, era sincero. Da parte dela começou antes sequer de trocarem uma única palavra. Passaram um pelo outro no corredor da escola: ela, com os olhos fixos no rosto dele, o mais bonito que já vira até então; ele, com a visão nublada pela profusão de coxas e bundas apertadas pelas calças jeans do uniforme que vestiam todas as alunas. Não olhou para ela pois, mas isso não importou muito à garota. Sabia que era ele e isso bastava.

O papel masculino naquele romance começou meses depois, na festa de fim de ano da turma. Era madrugada, quase a hora em que os pais começam a buzinar para pegar os filhos, e a noite não tinha rendido nem um beijinho cuja história pudesse aumentar depois. De repente ele a viu num canto. Os olhares se encontraram, o rosto dela tingiu-se de vermelho e suas pernas ameaçaram abandoná-la à própria sorte. Não a achava particularmente bonita, mas se perguntou por que nunca antes percebera o quanto era engraçadinha ruborizada daquele jeito. Aproximou-se sorrindo, convidou-a para dançar e sentiu o estômago cair dez metros ao constatar, no auge de seus quinze anos, com a mão nas costas da menina, que ela não usava sutiã por baixo do vestido.

Quando o namoro acabou, já no fim da faculdade, ela nem se lembrava mais o que achara tão bonito em seu rosto quando o viu pela primeira vez. Ele, de sua parte, ainda podia sentir formigar nas mãos o toque de sua pele nua sob o tecido. As mulheres choram, mas os homens sempre sofrem mais.

Táscia Souza

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