What’s up, amor?

What’s up, amor?

No início eles escreviam cartas. Todos os dias. Papéis tatuados por letras apressadas e cuidadosamente dobrados postos dentro de livros, de lá pra cá, de cá pra lá, as páginas a marcar a data e os poemas a completar a declaração.

Depois de um tempo passaram aos cartões. O tempo era corrido, as tarefas exigiam pressa, não havia espaço nas horas nem para pequenos bilhetes. Os cartões vinham prontos, declarações de self-service, bastava assinar – Beijos, Eu – e o amor estava entregue.

A correria cotidiana passou aos poucos a impedir as fugidas à papelaria, de modo que passaram aos e-mails. Um pequeno texto hoje, um parágrafo amanhã, uma linha depois de amanhã, um mudo emoticon no depois. Tão mudo que foi simples passar do e-mail para o sms, mais rápido, mais direto, mais…?

Quando resolveu repetir com todas as letras que a amava, o whatsapp saiu do ar e ela não recebeu.

Táscia Souza

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