A marca

A marca

Dois quadrados, foi o que pensou, mas largou a ideia. Olhou com mais atenção e viu as pontas nos quadrados. Estranho… Quadrados com pontas e espelhados. Muito estranho…

E se não fossem quadrados, mas uma única forma, erradamente separada? Parecia uma coluna, como era mesmo?, dórica? As hastes amparavam o teto e o chão. Mas a forma parecia perdida no ar. E quebrada, separada por alguma coisa.

E se fosse uma porta? Parecia uma porta, com uma luz vinda de longe, de trás, fazendo as pontas no teto e no chão. E tinha uma faixa na frente de porta, uma faixa preta, ou talvez fosse vermelha, o contra-luz confundia.

Uma faixa para não deixar ninguém entrar. Ou a luz sair. Mas ela saía, como uma ideia que quer vir ao mundo, mas que o mundo não quer deixar aparecer. Oculta, como a doença, a loucura, os vícios, tudo o que os remédios do mundo são feitos para coibir.

Balançou a cabeça, sondou para notar se tinha alguém olhando e respirou fundo. Como pudera ver tudo aquilo? Era apenas uma marca. Começou a se preocupar com as saúdes. Talvez tivesse alguma coisa.

Gustavo Burla

Comments are closed.