“Eu preciso de uma vitória.” O pai interpela no escuro, segurando um rosário e uma foto, como se a cura dependesse apenas da fé.
“Só não quero que meus netos sejam chamados de viados, ladrões e bobos.” A avó desabafa no ardor do confessionário.
“Essa promoção é o meu maior sonho, nem durmo direito.” A recém-formada sussurra pelo telefone, com convicção cega de que a vitória é certeira.
“Meu Deus, dai-me clareza e possibilidade de controlar meu caminho. Eu posso, eu vou conseguir, eu sou capaz.” Todo dia, o mantra é repetido fielmente.
Mesmo assim, as pessoas morrem, se transformam, perdem, não atingem.
Rogam e divagam, sem se emantarem ou imantarem.
José Eduardo Brum