Sem falas

Sem falas

Num fim de mês, o drama perdeu o lírico e o épico. Perdeu não, deixou de ter por perto. Assim como as grandes tragédias, personagens saem de cena. Voltam. Permanecem presentes na história, mesmo sem serem vistos pelo público. São imprescindíveis das mais variadas formas.

Embora tenha sabido que tal afastamento era inevitável, não se preparou, porque drama se representa no “acontecendo”, no aqui e agora. Assim, deu-se conta de que a poesia ia brilhar sua luz verde e reverberar sua musicalidade amorosa apenas quando não as teria mais. E entendeu que o épico ia ser exigente e gentil além-mar, espalhando-se como deveria ser.

Por isso, fiel à essência, o dramático apenas ousou a usar palavras e falas, sem descrição, sem lirismo, sem grandiloquência. É tempo de…

José Eduardo Brum

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