Sirene, ambulância, primeiros socorros. Caos. Gritos, choro, curiosos tentando enxergar por entre a multidão. Em volta, alguns continuavam a festa de espumante, canard e fogos de artifício, alheios ao que acontecia, sem se preocupar se alguém, quem quer que fosse, morria ou não sob seus pés.
Enquanto isso, a jovem — devia ter uns 27 anos — sufocava-se caída no asfalto, lábios e dedos azulados.
— Ela foi atacada?
— Acho que engasgou.
— Tenta manobra de Heimlich!
— Não será ataque cardíaco?
— Infarto? Tão nova???
— Pode ser reação alérgica…
— Choque anafilático!
— Sim, edema de glote! Minha tia morreu disso.
Ignorando o falatório, o socorrista enfiou o dedo na boca da moça e tirou de lá o pedaço de golpe entalado na garganta.
Táscia Souza