Cansado de ser perguntado sobre essa viadagem de signo, ascendente e lua, foi fazer o mapa astral. Estava naquela idade em que os hormônios comandavam e só pensava em pegar mulher, então achou que conhecer seu lado místico poderia ajudar nas cantadas. Procurou um site e digitou os dados.
Apareceu tanta coisa que ficou perdido, porque esperava que fosse ver apenas o signo (Virgem, disso ele já sabia), o ascendente (Câncer) e a lua (Virgem de novo). Mas tinha um monte de nomes de planetas e os signos do lado, além de uns elementos da natureza e outras coisas que ele não entendia (descendente?). Tudo, claro, explicado por um texto grande demais pra ele ler.
Deu sorte de a irmã entrar no quarto porque viu de longe a tela do computador pela porta que estava esquecidamente aberta. Psicodélica, ela já chegou soltando o verbo.
– Que massa, fazendo o mapa. Quanto equilíbrio, irmão!
– Mesmo? Me explica?
– A organização dos astros te deixa em contato quase equidistante de signos do ar, do fogo, da terra e da água.
– Isso quer dizer que sou o Capitão Planeta?
– Que tem domínio dos seus humores, embora sejam muitos. Típico de virginiano.
– E esse negócio de ascendente?
– Seu signo dialoga com ele. E seu ascendente também tá em Marte.
– Marte é o guerreiro, não é?
– O deus da guerra.
– Então quando vou pra luta sou de matar!
– O canceriano é sensível.
– Sou virginiano com Câncer em Marte… Um conquistador meticuloso!
Antes de ser psicodélica, ela era irmã:
– Tá mais pra uma bicha virgem.
Gustavo Burla