Poucos conseguiram pregar os olhos na primeira noite de república, ansiosos pelo início das aulas, por isso o despertador foi mais um aviso que realmente um sinal tocando na madrugada.
No segundo dia ele foi de grande ajuda, porque a adrenalina havia baixado, o caminho da faculdade se tornara conhecido e sem o alarme alguns dos moradores talvez tivessem perdido a hora.
Nos outros dias da semana, a campainha tornou-se hábito e motivo de gratidão dos dormentes, sobretudo dos que precisavam de duas chamadas para criar coragem e sair da cama.
Na sexta-feira, primeira festa da galera: cerveja, vinho, cachaça, manguaça geral e música acompanhada pela batida dos vizinhos na porta e quase silêncio no final da madrugada, quando o despertador tocou de novo. Alguns mal haviam descansado as pálpebras e houve quem nem ouvisse, mas o perdão era geral: havia esquecido de desligar.
Foi na manhã de domingo que a ira dos colegas se elevou: despertador no mesmo horário! Domingo! Foram furiosos ao quarto do dono, que se vestia ainda no escuro.
Porra, desliga essa merda!
E perder a chance de ficar mais tempo à toa?
Gustavo Burla