O despertar

O despertar

Os pássaros cochicham para acordar aos poucos o dia. Um canto e depois o outro, um gostoso raio de sol sobre os lençóis. Do fiozinho delícia da manhã nasce aquela preguiça de levantar. O corpo se estica, se espreguiça o quanto pode e se vira de lado, abraçando aconchegante o travesseiro.

É dia de tempo para nada. Dia de ficar na cama até tarde, de sentir a perfeição das horas que chegam com o que precisam trazer. Um almoço sem pressa, um filme sem compromisso, um vinho sem formalidades. Um amanhecer descomplicado.

Lá fora da cama tudo isso espera com a mesma suavidade das cobertas. Quentinhas, gostosas, boas para a leitura. A cabeça se apoia na cabeceira, o livro nos joelhos e na página 506 você descobre que o sonho de Raskólhnikov é mais realista que a hipocrisia do seu despertar.

Gustavo Burla

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