Moço do estacionamento

Moço do estacionamento

Chegava para trabalhar no meio da tarde, com tudo deserto, quase ninguém pela faculdade. Um ou outro chegava para a secretaria ou para a cantina, ninguém da administração, menos ainda da docência ou da discência. Circulava por cada espaço conferindo as vagas vazias que circundavam o prédio da universidade: uma entrada e uma saída.

O sol começava a se esconder e vinha o frio, por vezes uma névoa, quase sempre alunos e professores em carros e ônibus. Cada qual no seu tempo, fosse para estudar, orientar, pedir desconto ou frequentar aula. E ele ali, no estacionamento, vigiando os carros que ocupavam as vagas.

Quando o sinal batia para o fim, estava na última curva do estacionamento. Todos os carros que saíam acenavam para ele, sem saber o nome ou desde que horas ele estava ali. Todos. Todos mesmo. Cumprimentava todo mundo. Depois daquilo poderia ficar a noite toda ali esperando pelo dia seguinte, mas ia para casa e sonhava em voltar para trabalhar.

Gustavo Burla

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