“Boa tarde, eu gostaria de um animal de estimação.”
“Veio ao lugar certo, senhor, e veja só este último gatinho. Tão esperto, e toda a família já se foi, sobrou só ele.”
“Queria um bicho diferente, mais…”
“Ali temos os cãezinhos… Oh… Tão bonitinhos…”
“Você ouviu a parte do diferente?”
“Temos peixes ali, diversos, maravilhosos.”
“Peixe não tem graça, não dá pra fazer carinho.”
“Ali temos um coala, um panda e um…”
“Não, queria algo mais…”
“Um bicho-pau? Um lagarto? Um ornitorrinco?”
“Isso existe?”
Um movimento na parede, perto do chão, chama a atenção dos dois. O comprador fica vidrado, o vendedor fica vermelho.
“Desculpe, senhor, a gente sempre cuida tanto do nosso espaço. Eu não sei como…”
“Quanto é?”
“Senhor, é uma barata.”
“Quanto custa? É exatamente o que…”
“Senhor, aquilo é uma barata!”
“É um animal, isso aqui é uma loja de animais e….”
O croque-croque do gatinho mastigando a barata suspende a discussão. Destroça sem pressa a barata que movia as antenas cada vez mais curtas dentro da boca do bichano. Engole, vira a carinha, abaixa as orelhas e encara os humanos.
“Quero o gato.”
Gustavo Burla
