Crise no banco

Crise no banco

Dois empregos não estavam suficientes, precisava fazer uns bicos. As aulas de português de manhã e de tarde não pagavam mais as contas. À noite, depois de corrigir provas, trabalhos e de preparar aulas, pegou um bico de revisor de textos.

Sentou-se confortavelmente na cadeira ergonômica comprada pra sobreviver às aulas durante a pandemia, abriu o arquivo on-line no site da empresa e dormiu. Ganhava por produtividade, a noite foi perdida.

Comprou um banco. Ali, se dormisse, cairia pra trás ou pro lado. Concentrou-se na revisão, acordou de manhã, teclado babado, terceira página incompleta.

Comprou um banco de três pés. Ali sim, se colocado na posição certa, pra qualquer lado que tombasse, cairia e acordaria.

Comprou uma espuma pra colocar no chão e Gelol.

Gustavo Burla

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