De porta em porta

De porta em porta

Quando chegou ao andar, se assustou com o sujeito sentado na porta do apartamento ao lado.

— Perdeu sua chave?

— Tava batendo na porta desde cedo, sentei pra pensar.

— Sabe que não mora ninguém aí?

— Você sabe o quanto pode haver atrás de uma porta? Sabe que bater e esperar envolve muito mais fluxos nervosos do que abrir a própria porta? Quando bate, se ela vai abrir ou não, quem vai te receber e como será incomodam as pessoas há séculos! O humor das pessoas muda. Os espaços mudam! E o mistério atrás da porta desconhecida, você consegue explicar?

— Mas não mora ninguém aí…

— É… Agora é.

O sujeito saiu pelo corredor, um olho escolhendo outra porta e o outro esperando o inconveniente entrar pela dele.

Gustavo Burla

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