Liberdade ainda que tarde

Liberdade ainda que tarde

Era uma vez uma nação que caminhava para a luz. Uma nação jovem, que tinha como filha caçula a democracia. Depois de passar por muitas provações, essa nação vivia anos saudáveis, ainda que turbulentos. Foi quando uma turba de zumbis abriu a caixa de Pandora, espalhando o horror sobre aquela terra, e sequestrou a filha jovem e pródiga. E tudo se transformou num arremedo de país.

Sua gente foi quase dizimada. Sofreu. Sofreu mais. E mais. Com vermes. Com vírus. Com fome. Com desrespeitos. Com injustiças. Mas lutou. Se uniu e empunhou desejos de vida. E, como era uma gente inteligente, tratou logo de arregaçar as mangas e, com a força da coragem — aquela que vem do coração —, alcançou e puxou a corda do paraquedas quando se aproximava, velozmente, de se espatifar no chão.

O paraquedas se abriu, dando uma sobrevida para aqueles seres. E eles começaram a trabalhar na terra árida. Ainda estão trabalhando, pois esta história não acabou. E o verbo que plantam, todos os dias, é esperançar. Plantam, regam, cuidam. Para colher já já. E libertar, do cativeiro, a democracia sequestrada.

Consuelo Málaga

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