Na porta do cinema, sentado na escada de algum lugar, andando durante uma conversa ou depois do expediente a caminho de casa, adorava comprar um saquinho de pipoca.
Veio a pandemia e passou a comer pipoca em casa. Inventou temperos, testou prontos (blarg!), ficou no salzinho básico e na manteiga no mais das vezes. Filme, geralmente filme. Ou série, era o que se fazia na pandemia. Tentou comer pipoca em conversas de vídeo, mas o barulho parecia maior do que o esperado.
Aos poucos, voltou ao trabalho presencial. Recusou por meses os convites para um café ou uma cerveja, tinha receio de tirar a máscara na rua. Os números foram melhorando, a onda de contágio baixando e um dia ele resolveu: vou comprar um saquinho de pipoca!
Tinham jogado o saquinho numa sacola plástica.
Gustavo Burla
