para Moreno, de aniversário
A folhas com desenhos para colorir se misturavam às mãos na mesinha redonda perto do chão, à altura dos artistas. Da caixa de canetinhas e gizes de cera coloridos, o pequenininho escolheu a dedinho o crayon marrom. Girou a mão com o bastãozinho, ameaçou apontar com os dentes e suavemente tentou preencher os contornos do sol.
A idosa ao lado, cuja idade talvez requisesse mais de uma mão, lançou ao ver os primeiros círculos:
– O sol é amarelo.
O baixinho parou no mesmo instante. Com paciência e sem vocabulário, lançou o olhar repleto de argumento para que o pai verbalizasse:
– Esse é moreno.
Gustavo Burla
