Remorso

Remorso

a um amigo


Meu caro amigo, me perdoe, por favor, não ter feito uma visita. Hitler foi profissional demais em detrimento das pessoas. Quem somos para julgar o que é certo? Parece pregação, mas é desculpa. Esfarrapada. Se todas as cartas de amor são ridículas, como esta a um amigo, as desculpas a um amigo também são esfarrapadas.

 

Da noite de ontem ao tudo de hoje, conseqüências. Nem apetite havia sem ter comido à sua e o contágio afeta os mais próximos. E em certos momentos fica difícil encenar, mesmo tendo brindado em família. Não substitui. Um amigo é um momento, se passa, passa, e deixar passar é crime.

 

O vernáculo empobrecido não sente o dia que acaba, não deixa de ir ou de vir, de agradar ou de sorrir. Feliz do dicionário que não sente felicidade e por isso o oposto. Por vezes um palco iluminado é mais solitário que a escuridão de um bar.

 

 

Gustavo Burla

 

 

Publicado originalmente em http://hipocondria.blog.terra.com.br, 22 de abril de 2008.

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