Azul

Azul

Ela entra na água fria e os pés logo batem na parede lateral, impulsionando-se para a frente. O corpo desliza, perfurando o azul com braçadas que se alternam. Uma, duas, três. Respira. Quatro, cinco, seis. Respira. Sete, oito, nove. E o ar entra nos pulmões para novamente se desmanchar em bolhas, repetidamente. Atravessa a piscina dez, vinte, trinta vezes. Mas depois perde a conta, absorvida pelo giro e o bater de pés na borda, numa e noutra, numa e noutra. O sol cruza o céu de um morro a outro, suas próprias bordas. Todavia, ao contrário dela, não volta e o azul do firmamento escurece, fazendo com que o azul do espelho d’água escureça também.

Quando, muitas horas depois, o sol novamente dá seu impulso na borda do leste e os azuis retornam ao céu e à piscina, os lábios dela também são azuis.

Táscia Souza

 

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