Se encontraram e falaram ao mesmo tempo:
— Já tomou/leu o vinho/livro X?
Silêncio nem um pouco constrangedor, porque nenhum dos dois sabia a prioridade. Amigos de longa data, respiraram e seguiram falando como num só fôlego:
— Me deixou inebriado.
— Que envolvimento inesquecível!
— Uma sensação maravilhosa.
— O primeiro contato foi…
— …estranho, diferente, uma experiência…
— …que lembra muito aquele clássico…
— …mas sem perder a originalidade…
— …a assinatura do tempo, sempre presente.
— Sim, sempre presente!
— Tinha linhas de um amargor angustiante.
— Fundamental para a complexidade da vida.
— De verdades universais, não é assim que dizem?
— Com um tato incômodo.
— Harmônico com a realidade atual.
— Excelente companhia.
— Cada instante tinha matizes próprios.
— No final fica um gosto…
— Inefável.
Despediram-se satisfeitos pela conversa impecável.
Gustavo Burla