Hospital

Hospital

A primeira vez que entrou no hospital foi quando nasceu, coisa que sua memória não tinha registrado. Depois, passou toda a infância observando aquele prédio bonito que ficava no alto do morro e a juventude acompanhando os parentes que lá iam quando tinham algo de que se queixar: estava presente nas dores nas costas da mãe, levou a irmã em todas as suas crises de enxaqueca e a tia em todos os porres pós-churrasco. Era a acompanhante profissional. 

Lá, enquanto esperava, descobria primeiro quem nasceu e quem morreu, ouvia as histórias paralelas dos corredores e as brigas de família que terminavam com algum deles deitado ali, na sala de observação perto dela.

Quando chegou a hora de escolher sua profissão não teve dúvidas: virou escritora. E toda semana sentava-se na recepção para conhecer novas histórias.

Mariana Virgílio

 

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