A farmácia

A farmácia

Do outro lado da rua tinha uma casa. Uma casa com velhos, quase sem movimentos, numa esquina. Um aviso de venda na porta chamou atenção. (Velho é assim: morre!)

Do outro lado da rua tinha um muro de tapumes. Terreno curto, mas entravam tratores, caminhões, materiais e pessoas. (Povo acha que progresso é fazer sombra na casa dos outros!)

Do outro lado da rua tinha uma farmácia com um estacionamento. Toda iluminada, o mais importante parecia ser testar as luzes, acesas por uma semana antes da inauguração (O que não falta é farmácia aqui, ninguém vai entrar nesse lugar!)

Do outro lado da rua tinha uma luz queimada. Queimada não: piscando. As outras acendiam e aquela piscava. A noite inteira. Piscava a noite inteira. (A noite inteira!)

Atravessei a rua e comprei um remédio para dormir.

Gustavo Burla

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