O grau aumentava exponencialmente e ele já temia a renovação da carteira. Orou, fez mandingas, dobrou o dízimo (vigézimo?) e foi fazer o exame.
Sentado diante da cartela com letras e números, prestes a ter os círculos de ferro com buraquinhos apoiados no nariz, ouviu o chamado. A secretária abriu delicadamente a porta requisitando o oftalmologista para um esclarecimento.
Como viu funcionar em um filme, o paciente correu até a cartela de letras e leu o nome do fabricante, no canto inferior esquerdo, em letrinhas miúdas.
Lentes no lugar, aparelho regulado no grau, disse as palavras miúdas e saiu de lá sem receita, sem óculos, sem precisar comprar lentes de contato de tempos em tempos.
Pegou o carro, a família e foram viajar para comemorar.
Gustavo Burla
