Beijo de língua

Beijo de língua

Que língua bonita.

O palito ficou muito tempo na boca e a lanterna investigou com minúcia a garganta, quando pôde falar já não se lembrava da inflexão do comentário, se com intenção estética, fisiológica ou libidinosa. A conversa mudou de rumo e o relacionamento foi imediato. Nem tempo de pedir em namoro houve. Cinema, restaurante, cama e dá-lhe língua. Lambidas, laços, ires e vires por todos os lugares. Havia uma fascinação muscular ali.

Tempo de apresentar o namoro à família também não houve, o cadáver foi encontrado sem língua antes dele reparar que a frase no consultório tinha inflexão gastronômica.

Gustavo Burla

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