Lágrima de estimação

Lágrima de estimação

Outras crianças tinham um cachorro. Ou um gatinho. O menino tinha uma lágrima. Era fiel companheira e estava sempre ao seu lado, ali à vista, no cantinho externo do olho direito, pronta para (es)correr e protegê-lo se preciso fosse. Não era o latido de um cão o que lhe anunciava o perigo, mas ela, que parecia crescer, eriçada, quando ele se sentia assustado; ou com dor; ou simplesmente um pouco triste. E se às vezes deixava que a levassem para passear, envolta em gaze ou algodão ou mesmo acarinhada na ponta do dedo de alguém, ela voltava depois, leal, espontânea, pronta para cair se ele um dia caísse também. 

Táscia Souza

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