Alfaeto

Alfaeto

Achava um absurdo a matemática, mais exata das ciências, usar letras de um alfabeto, matriz principal da literatura que nem humana era, quiçá ciência. Elaborou um tratado para reorganizar as letras sem a aleatoriedade que via pendurada nas salas da educação infantil.

O critério era simples, como convinha aos grandes ensinamentos: o formato das letras as tornariam próximas. Sem desrespeitar a ordem existente, começou a seleção usando basicamente os critérios ângulos e parábolas.

A seria o começo, mas B tem curvas e ângulos, C somente curva, D tem os dois e o E somente ângulo, por isso segue o A. Letras angulosas se seguiriam, depois começaria a sequência mista liderada pelo B, o C abriria a terceira parte. Serifas não eram critério de análise, coisa de designer, que não entende de matemática nem de literatura.

O J ameaçou uma polêmica, resolvida pela lógica do I, que só tem tracinho em formatos enfeitados. E o G? Tem gente que desenha como um caracol, sem ângulo. Há quem faça um C com um esquadro pendurado. A julgar pela preferência, usaria a segunda versão, mas critérios pessoais não faziam parte do tratado.

Cansado de estudar história das letras, resolveu que se tratava de um caracter neutro, uma exceção à regra, questão de interpretação, fundamento comum nos estudos da língua.

Gustavo Burla

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