Contar motoquinhas

Contar motoquinhas

Começou a combater a insônia deixando de lado o celular duas horas antes de dormir. Depois o computador e por fim a televisão. E a leitura. Comprou blackout para isolar as luzes da cidade, tampão de olho e de ouvido, bebia vinho (uma taça, duas, a garrafa) toda noite e nada. Desmaiava e era acordado no meio da madrugada. Rolava na cama, passeava pela casa e um dia sentou-se na sacada para contar quantas motos passavam lá embaixo, na rua. Dormiu.

Os anos de terapia foram taxativos o tempo todo: mude-se para um bairro mais quieto, para o campo. Mudou-se. Mudou de casa, não de hábitos, inclusive o de acordar no meio da madrugada. Sem motos para contar, via o sol nascer.

Gustavo Burla

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