Josias nasceu de parto normal
E tinha sete vidas
Como aquele animal
Perdeu a primeira na maternidade
Nas mãos do estado
Sem médicos, cuidado ou dignidade
Moleque, morreu de fome
Com o pai que lhe restou
Outra vida perdeu já ôme
Quando com onze pediu comida
Uma moeda, por favor
Pra comprar pão, água e bebida
Foi ela quem levou a quarta
Um furto atirou na quinta
Como desgraça não se farta
Na prisão foi feito moça
Sangrando lágrimas de reflexo
Deixou a sexta na poça
Na rua viu a mulher
Não a primeira, mas Maiúscula
Como quem sabe o que quer
Comeu livros, lápis e giz
Fez palavras de suor
Morreu pobre, fudido e feliz.
Gustavo Burla
Como deve ser bom morrer pobre, fudido e feliz!!! Rsrsrs… Tantos e tantos Josias espalhados nesse mundão de meu Deus!!! E quantas vidas desperdiçamos por qualquer suspiro, por qualquer VIDA.
Mais um Riobaldo!
muito bom!
Destesto essas associações entre probreza e felicidade, já no caso do ‘fudido’… rs