Passou meses estudando e ensaiando teatro. Entre uma noite e outra cada vez mais curta, mergulhava em livros, fazia anotações, assitia vídeos e observava pessoas na rua. Queria fazer o melhor pelo personagem, queria estar no melhor espetáculo.
As atividades de corpo e voz eram totalmente dedicadas ao papel, e assim foi que parou de praticar esportes, sobretudo o futebol com os amigos. O personagem, tudo era o personagem. E tornou-se introspectivo. Conversava, era educado, dizia suas pérolas, mas entregou seu corpo ao personagem, franzino.
A cada semana o elenco se deslumbrava: um Tomaso Salvini! Crescia a olhos vistos, quase assustava os colegas, que se desdobravam para acompanhá-lo. Até o diretor tinha medo de elogiá-lo e estragar o processo.
E no mundo de tensão que o cercava veio a semana da estreia. “Os ensaios da semana são pra manter o ritmo, o espetáculo está de pé.” E o ator entendeu que era hora de relaxar e foi para a pelada com os amigos. Quebrou a perna.
Gustavo Burla
Então vai lá e quebra a perna! Devo aparecer por lá qualquer fim de semana desses… 😉