Por tanto tempo se preparou para viajar que sabia a lista de trás para a frente: passagens, passaporte, câmera, laptop, celular, óculos escuros, calça, camisas, tênis, meias, pijama, tudo em ordem de prioridade. Arrumou as malas, colocou tudo em cada cantinho, conferiu tudo umas dez vezes e foi.
Carro, aeroporto, avião e mais carro até o hotel, onde toda a bagagem ficou esperando o dia todo enquanto ele reconhecia o terreno. Nada como um delicioso banho depois do dia todo caminhando, com pijama limpo, conforto de quarto de hotel e uma boa noite de sono.
No dia seguinte descobriu que não levara cuecas limpas. Como passar dias de intensos exercícios turísticos com a mesma cueca? No segundo dia deu jeito, deu um tombo na cueca, que é como se diz quando se usa do avesso para enganar. A menos enganada é a calça, mas por um dia deu certo. Tombar todos os outros?
Resposta óbvia: comprar novas. Mas o dicionário, esnobe que era, também deixara em casa e não sabia como era cueca na outra língua. Em quanto tempo notariam a cueca redundante? Quem perceberia primeiro? O que fariam com ele, ou com ela?
Enquanto martirizava-se pelo esquecimento sentou e escreveu um texto sobre como seria boa uma viagem em que as cuecas fossem suficientes.
Gustavo Burla
Salve, salve as cuecas limpas. Pobre daquele que percebe o crime!
Foi asqueroso pensar em alguém dando o tombo na cueca todos os dias. argh! ahhh… hahaha
Burla…já disse q vc me assusta né? pelo menos compra uma cueca da Emporio Armani… é chique usar até dos dois lados!