The end

The end

O dia em que o Amor conheceu o Ciúme, achou que havia encontrado o par ideal. Ele se sentia muito amado, o Amor, com todas aquelas atenções exacerbadas do Ciúme, aqueles olhos que não descolavam dele, que pareciam pregados em sua nuca a cada vez que virava de costas e trocava cumprimentos ou amabilidades com alguma Paixão. Mas o Ciúme, por sua vez, doía-se com cada sorriso distribuído pelo Amor a outros alguéns; sentia o peito rachar a cada instante que desconfiava, que fantasiava apenas, a possibilidade de o Amor se partir em outros amores que não aquele. O relacionamento virou um impasse inevitável, intransponível até. De um lado, o Amor alegando que o Ciúme o sufocava, que o transformava em mera Dúvida, que o impedia de assumir sua personalidade naturalmente amorosa em plenitude. De outro, o Ciúme enlouquecia envenenado pela Posse e pelo Abandono, querendo todo o Amor só para si, exclusivo, sem metades.  Quando o romance chegou ao fim, o Amor continuou amando. Já o Ciúme se casou com a Inveja, numa cerimônia da qual o Amor não participou.

Táscia Souza

2 Responses

  1. O Amor viu no Ciúme o par ideal, depois descobriu que mesmo ele pode se enganar.
    Além da Inveja o Ciúme ainda tinha a opção da Posse, e caso ainda tivesse Dúvida lhe restaria o Abandono.

    Amei os próprios sentimentos de carne e osso. Dá até prá saber qual é mais feinho, mais elegante, subnutrido, e qual deles tem verruga no nariz.

  2. Ciúme, Posse, Paixão…personagens com personalidades bem próximas. Saem no final de semana, tomam sua cervejinha e falam mal dos outros.
    Ciúme e Inveja fazem um par perfeito! Sem as características do amor romântico, portanto bem mais pé no chão. Esse casamento vai longe!
    Já o pobre do Amor…fiquei com peninha…o que será dele sem o Ciúme? Talvez se torne uma pessoa bem mais nobre, né? Mas outra pessoa bem diferente do que era antes. Gentileza? Generosidade? Doçura? Nunca mais ele mesmo…
    Abraços…