“Hoje sou toda sua naquele lugar 21h bjo”
Era mensagem dela no celular. Ele passou horas de dias e anos olhando pra ela lá do fundo da sala, pensando nela de noite e escrevendo poesia. Nunca se declarara e foi um choque quando leu o texto. Primeiro conferiu o destinatário, sem acreditar. Depois imaginou como ela sabia se jamais tocara no assunto, com ela ou alguém. Enfim, foi prático: naquele lugar era onde?
Seria na faculdade, onde tinham se conhecido? Na frente da cantina, onde ela perguntara onde ficava a sala e ele já sabia. As primeiras palavras. Ou na loja de roupas onde se encontraram por acaso um dia, ou teria sido por acaso se ele não soubesse que a irmã dela trabalhava lá e ficara esperando pra entrar.
E se naquele lugar fosse um motel, aquele perto da casa dela? Ou até na casa dela. Mas teria escrito neste lugar, então não podia ser. A não ser que a ambiguidade de “naquele lugar” significasse outra coisa… na casa dela.
“Desculpe, destinatário errado. Boa noite.” Desta vez estava menos afobada, tivera tempo de pontuar.
Gustavo Burla
Eu também tava imaginando outra coisa. Excelente.
Depois dessa,
a vontade deve ser de mandá-la tomar “naquele lugar”…