Saudade

Como é que pode? Como é que pode algo que não se enxerga, que não se toca, que não bate asas, que não tem pernas, que não tem patas, que não se move sozinho, que não se arrasta sobre as superfícies, que não tem células — que não tem nem uma única célula! —, que […]

Quase dois reais

Querido amor desencontrado, o último dia 17 de março estava marcado para ser o primeiro dia do resto das nossas vidas. Às 17h06 eu desceria do táxi em frente ao seu trabalho — que eu ainda não saberia ser o seu trabalho — bem a tempo de vê-lo saindo após bater o ponto cinco minutos […]

Literalmente

Foi o tempo de uma distração e o bilhete materializou-se ali, empurrado por debaixo da porta. Bilhete anônimo, como anônima seguiu a rua sem que, pela fresta da veneziana, conseguisse enxergar o mensageiro que o deixara. Em letra cursiva cuidadosa, nem feminina nem masculina demais, o enigma: “Conheço sua dor porque já estive, literalmente, na […]