Medo de agulha

Medo de agulha

Tinha pavor, crise de pânico só de olhar os pacotinhos fechados no balcão da farmácia, ficou noites sem dormir olhando para o calendário de vacinação. Véspera do último dia.

Sentou no bar com os amigos e, com vergonha de dizer por que estava ali, foi deixando a prosa correr solta, copo atrás de copo. Gostava de uma branquinha, mais doce, pouco conservada em barril, mais ardência que paladar.

— Pronto. Acabou.

— Acabou nada! Coloca outra dose aí!

Saiu do posto de vacinação como entrou: carregado pelos amigos.

Gustavo Burla

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